domingo, 28 de agosto de 2011

Ah! Esses morangos...

Diz a lenda que um homem em meio a uma floresta rude corria. Era a sua tentativa de fuga pois corria o risco de virar presa de uns leões que o perseguia. Apesar de seus passos rápidos, os leões eram muitas vezes mais intrépidos com suas garras ao solo.
O fugitivo, de tanto que corria, não percebeu que aproximava-se de um precipício. E assim, apesar de ele ter sustado os passos, não foi o suficiente para vencer a inércia e a falta de atrito da terra solta. Ele caiu. Agarrou-se na terra e foi caindo lentamente. Houve tempo para ele agarrar-se em uma raiz que se despontava no início do paredão cujo final levava a um grande rio.
Antes de se decidir que poderia se jogar na água, ele viu uma bocarra lá em baixo. Os estalos que se fazia ouvir vinham de jacarés famintos. Eles pulavam na direção do homem. Não dava para precisar quantos eram os jacarés. Eles se confundiam uns sobre os outros, afoitos pela refeição em potencial pendurada em uma raiz de planta.
O homem mal se recuperara do susto dos jacarés, sentiu um torrão de terra cair sobre o seu chapéu vindo dos leões que o desejavam e quase se jogavam para pegá-lo.
Assim ficou esse pobre homem dependurado por uma raiz a qual poderia se quebrar a qualquer momento.
Ele poderia subir e se salvar se não fossem os leões. Assim como ele poderia se jogar no rio se não fossem os jacarés. O que fazer, então?
Esse homem, assim, olhou pra um dos lados e viu uma outra plantinha que - sabe-se lá como! - brotou lá no paredão. Mas não era só isso. Era uma fragaria que continha cachos de morangos. Sim! Belos morangos... Ah! Esses morangos... Grandes morangos bem vermelhos, bem saborosos.
Assim o homem pensou: "Se subo, os leões me atacarão. Se desço, os jacarés vão me devorar."
Assim o homem tomou sua decisão: ele comeu os morangos.

* * *

A anedota acima não é nenhuma novidade. Não foi criada por nós e nem sabemos seu autor para creditá-lo aqui. Mas ela encerra um grande ensinamento.
Na vida nos deparamos com muitos acontecimentos, alguns deles infelizes e não desejados por ninguém. Acontecem Deus sabe lá como! E modificam nossas vidas. A perda de um emprego... Um sinistro que destrói o patrimônio particular... O filho que sofre um acidente ou adoece inesperadamente... O marido ou a esposa que resolve acabar com um casamento de anos... Uma pessoa muito importante e querida que morre... E o que resta a fazer? Viver, por que não?
Sim, as perdas mencionadas acima são os leões e os jacarés da historinha contada acima. Pode acontecer conosco se nos pegarem. Isso arrebenta com as forças de qualquer um.
Assim, diante de tantas possibilidades indesejadas o que fazer? Coma os morangos!
Sim, coma os morangos!
Quando estamos em meio a dificuldades. E se essas dificuldades nos deixam sem ação para liquidá-la resta, então, comer os morangos.
Chega a parecer loucura. No momento mais improvável comer morangos. E lembrando que morangos nem são frutas tão doces assim, como o mamão, a exemplo. E até mais bonitas! Como são as lichias em cachos. Porém, o morango - há quem acredite - representa o amor ou a vida. É uma fruta vermelha e tem o formato próximo ao que se convencionaou ser um coração.
Assim, comer os morangos não é a solução dos problemas. Mas é um caminho, um tempo necessário para (quem sabe, né!?) chegar à solução, ou não.
Apesar de que coisas ruins e imprevisíveis possam acontecer na vida, não vamos deixar de comer os morangos. Pois o morango é a representação do amor e da vida!
Coma os morangos!
O nosso herói pode até morrer. Porém sua morte seria menos leve se ele, em pânico, deixasse de comer os morangos mas...



Quem sabe se os leões, muito afoitos, acabarão caindo no grande rio e, assim, devorarem os jacarés ou serem devorados por eles.